terça-feira, 10 de abril de 2012

Quem disse que precisamos converter?


"É corriqueiro ouvirmos falar que precisamos converter as pessoas. Falar de Deus, a tempo e fora de tempo; em todos os lugares, a fim de que possamos alcançar o maior número de pessoas e 'convertê-las'.
Mas, enfim, será que realmente precisamos 'converter'? Acho que essa expressão, assim como muitas outras foi distorcida, pois, na realidade, quem precisa de conversão somos nós. Vendo isso, a priori, pode parecer uma heresia, soar mal aos ouvidos, mas é a mais pura verdade.

Jesus, quando ia falar com as pessoas, não subia num salto alto, não se isolava dos mais pobres, não excluía os já excluídos. Pelo contrário, ele descia até o mais humilde e se colocava na mesma condição, a fim de compreendê-lo com mais verdade. Ele, a cada momento, convertia-se ao próximo. Então, já entendidas as dificuldades por que cada um passava e quando se colocava completamente no lugar daqueles que viviam um estilo de vida dito 'errado', ele compreendia e falava com mais sabedoria. 
Aliás, escutava mais que falava... Só então, quando as pessoas davam abertura, já quebrantadas pela confiança, ele as tocava com uma singeleza poderosa.

Dessa forma devemos ser nós. Escutando mais que falando, seremos capazes de tocar o próximo e, enfim, transmitir a mensagem que tanto queremos levar a todos os lugares. E que, assim como Jesus, que não ansiava por mais seguidores, mas que buscava por transformação de vidas, sejamos nós. Acha que é mentira? Procure quantas vezes Jesus falou 'Vem e me segue' e quantas falou 'Vai e volta pra tua família'. Essa última significa uma vontade de que o transformado mostrasse a mudança por que passara a fim de trazer felicidade para os que haviam sofrido com seu antigo estilo de vida.

Ainda assim, é muito comum apontarmos o dedo para homossexuais, travestis, mendigos, bêbados, etc, sem sabermos pelo que passaram em tempos passados.
Por isso, que, assim como Cristo, sejamos convertidos antes de converter. Que busquemos transformação de vidas antes de falar incessantemente de uma Palavra que só faz sentido pra nós que já a conhecemos e já a vivemos.
Que abramos nossos olhos para a fragilidade alheia, que pensemos e escutemos mais antes de falar (isto se for preciso falar) e que a mensagem que tanto queremos transmitir flua naturalmente em nossas atitudes cotidianas e em nosso estilo de vida..."
[Piero Barbacovi] 

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